Como sempre entendi a poesia como um dos canais pelos quais é possível a aproximação entre o humano e o divino, ou o sagrado (assim como a natureza, a obra de arte, a música, o exercício de amar), intuía que qualquer coisa da vida que viesse revestida de poesia revelava um mistério já conhecido, que vinha sendo sussurrado a ouvidos que não estavam prontos a ouvir desde há muito tempo. Um velho instinto me levou a este caminho e a revelação de que sim, a sabedoria do texto bíblico é de fato um poema. Um poema que se extrai de um conhecimento sobre a experiência mais ancestral, carregado de profundidade e exatamente por isso sagrado, adornado pelo exercício de lembrar (a palavra mais repetida no texto), que nos entrega um mapa psíquico poderoso. Quando passamos a estudar o texto bíblico a partir da língua original, e não através das traduções que em geral conhecemos, conseguimos extrair dele o real significado que, para a surpresa de muitos de nós, não tem absolutamente nada a ver com o que estamos acostumados a receber. “Se não compreendermos o texto bíblico através da lente da Sabedoria Ancestral, ele será um apanhado de textos históricos, incoerentes, cheios de preconceitos, de inverdades, e de violência. Afinal de contas, muitas atrocidades já foram cometidas em nome deste texto, e isso não é novidade para ninguém. (…) O Papel do cabalista é ser o guardião deste tesouro, destes valores, mistérios, desta sabedoria que está ali e que não pode mais ser privada do mundo. A bíblia é um poema. Ela não parece um poema quando a lemos em português, ou inglês, ou qualquer outra língua. Quando a lemos em aramaico antigo, a língua original da tradição dos povos semíticos, descobrimos que é um poema do início ao fim. Ela tem o formato do um poema, é escrita na forma de um poema, ela tem a cadência ritmada de um poema. Ela não é um livro de história, um manual de instrução, teológico, nem mesmo um livro que pretende substituir o pensamento científico. A bíblia é um poema e, como tal, ela é um meio para você chegar a uma essência interior.  É um poema escrito no final da Idade do Bronze, originalmente em aramaico antigo (protocananeu), cheio de duplos sentidos, de códigos, palavras com uma essência ocultada, que estão aparentemente escritas de um jeito não usual, com uma concordância estranha, justamente porque elas estão ali em formato de códigos, e é preciso uma chave para decifrar estas compreensões. Todos os códigos que já foram revelados dentro deste texto são conhecidos, e o trabalho é trazê-los à tona. Este texto fala de grandes códigos da existência humana. A Bíblia fala das tramas do ser humano, da estrutura psíquica do ser humano. Ela fala das virtudes, das sombras humanas e do potencial mais elevado que o ser humano pode atingir, mesmo que diante das dores mais profundas. O texto bíblico é um mapa psíquico. Ele nos ajuda a superar a nossa própria precariedade, nos conduz através do desenvolvimento espiritual”. (Ena Shamaena (eu ouvi) de Mario Meir em aula disponível no Facebook e Youtube: “Puxão da Alma Especial Êxodo”).

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